AS DESIGUALDADES E DISCRIMINAÇÕES DE GÊNERO E RAÇA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO E SUAS CONSEQUÊNCIAS

  • Joares Wohlke GAMEIRO
  • Ariane Fernandes de OLIVEIRA
Palavras-chave: Descriminação. Desigualdade. Emprego. Legislação. Raça

Resumo

O mercado de trabalho brasileiro está marcado por significativas e persistentes desigualdades de gênero e raça. A desigualdade de gênero no mercado de trabalho, no Brasil e no mundo, existe desde o dia em que a primeira mulher conseguiu o primeiro emprego. A taxa de participação das mulheres no mercado de trabalho brasileiro continua aumentando, mas ainda está marcada por uma forte diferença em relação à taxa de participação dos homens. A taxa de participação das mulheres no mercado de trabalho é um indicador importante para analisar a evolução dos níveis de igualdade de gênero existentes em uma sociedade.  No entanto, elas precisam conviver com os preconceitos típicos, dizem que contratar mulheres é mais caro, pois relacionam à gravidez a possíveis ajustes no ambiente de trabalho, entre outras coisas. Mesmo que as mulheres tenham uma boa formação, quando miram o topo da pirâmide de empresas privadas, elas tendem a ganhar menos que os homens.  As diferenças de remuneração são uma das formas mais persistentes de desigualdade entre homens e mulheres e por isso é um tema central em quase todas as discussões relativas à eliminação da discriminação no mundo do trabalho. Mas o que significa incorporar as dimensões de gênero e raça às políticas de emprego? Um elemento fundamental para incorporar a dimensão de gênero às políticas de emprego é reconhecer as mulheres, em particular as chefes de família, como um sujeito e um grupo alvo fundamental destas políticas. Também há avanços da legislação brasileira no que diz respeito ao combate à discriminação racial, porém, a diferenciação por raça ainda é uma das mais frequentes formas de exclusão social praticadas no país, os negros têm salários menores, pior inserção ocupacional e são maioria nas taxas de desemprego. E o caso das mulheres negras é ainda mais injusto porque elas são duplamente discriminadas. Por isso, enfrentar essas desigualdades significa tratar de uma característica estrutural da sociedade brasileira, cuja transformação é imprescindível para a superação dos déficits de trabalho, assim como para o efetivo cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Desenvolver o conhecimento sobre as tendências de evolução desses indicadores, assim como sobre os obstáculos para uma inserção mais igualitária de mulheres e negros no mercado de trabalho é um aspecto fundamental das políticas que devem estar voltadas para a superação dessas desigualdades. Por outro lado, a integração das dimensões de gênero e raça no mundo do trabalho ajuda não apenas a entender os problemas vividos por mulheres e negros e os fatores que os produzem, mas também a compreender melhor o funcionamento do mercado de trabalho em seu conjunto, sobretudo através de medidas dirigidas a eliminar o impacto negativo e realizar campanhas de sensibilização para mudar os estereótipos de gênero e raça para garantir a implementação da legislação contra a discriminação.
Publicado
2017-01-27