“...O anseio de voltar a verdadeira morada da alma...”(GAARDER, 1991,p.93) Platão ( 427 – 347 a.c.) Tinha 29 anos quando Sócrates teve que beber o cálice de cicuta. Foi discípulo de Sócrates e acompanhou de perto o processo movido contra seu mestre. Isso lhe deixou marcas para toda a vida e determinou a direção de sua atividade filosófica.Publicou o discurso de defesa de Sócrates, tornando público as palavras do mestre, além de uma coletânea de cartas e mais de trinta diálogos filosóficos. Boa parte de seus escritos foram conservados,talvez, por ele ter fundado sua própria escolanos arredores de Atenas, num bosque que levava o nome do herói grego Academos. A escola recebeu o nome de Academia. Até hoje empregamos as expressões “acadêmicos” e “disciplinas acadêmicas”.Interessava-se pela relação entre aquilo que, de um lado é eterno e imutável, e aquilo que de outro “flui”. (como os Pré-Socráticos), para eles havia um fenômenos da natureza que nunca se modificava (“as quatro raízes” ou os “átomos”) .Para Platão o mundo se dividia em duas partes. A primeira seria o mundo dos sentidos, do qual não podemos ter senão um conhecimento aproximado, ou, no mínimo, imperfeito,usando nossos cincosentidos. A outra seria o mundo das idéias, do qual podemos chegar a ter um conhecimento seguro se fizermos uso da razão.Considerava o homem um ser dual. Temos um corpo que “flui” e está ligado ao mundo dos sentidos,mas também possuímos uma alma imortal, que é a morada da razão (GAARDER, 1990, p.97)Essa dicotomia teve um forte impacto no mundo ocidental, a ponto de influenciaro Catolicismo Romano. Santo Agostinho, apaixonado pelo pensamento platônico,foi o incentivador da criação da doutrina da intercessão.Retrata também o progresso da alma que é submetida à educação como um elevar-se para além do que, em uma imagem muito vivida e famosa, ele representa como a condição ordinária dos seres humanos. A parábola da caverna, de Platão, contida no livro “A República”, descreve o Estado ideal, ou estado “utópico”. Assim como toda a filosofia de Platão é marcada pelo racionalismo, também o é sua filosofia do Estado. Hoje em dia, talvez chamássemos o Estado de Platão de totalitário, e por isso, muitos filósofos criticam Platão. Após passar por várias decepções políticas, escreveu o diálogo“As leis”. Nele, descreve o “Estado Legal” como o segundo melhor tipo de Estado e reintroduz as noções de propriedade privada e laços familiares. Esse foi Platão. Há mais de dois mil anos as pessoas discutem e criticam sua extraordinária teoria das idéias. E o primeiro a fazer isto foi um de seus próprios discípulos na Academia. Ele se chamava Aristóteles, o terceiro grande filósofo de Atenas.(GAARDER, 1990,p.93-109).