MÃES ENCARCERADAS QUE CONVIVEM COM SEUS FILHOS EM PRISÃO, ANÁLISE DO FILME LEONERA: REALIDADE OU FICÇÃO?

  • Amanda Rodrigues DALLAROSA
  • Yohana Barros ALÉCIO
  • Gabriela Reyes ORMENO
Palavras-chave: Mães encarceradas, filhos em prisão, fatores de risco e proteção.

Resumo

O Brasil é hoje o país com a quarta maior população encarcerada do mundo, com uma média de 581 mil pessoas privadas de liberdade, problemas do encarceramento como o descaso com a população esquecida nas penitenciárias de todo o país, geram faltas de acompanhamentos básicos de saúde, péssimas condições de higiene, entre outros. Já tendo sido acusado pela ONU, em 2014, por sofrer de superlotações endêmicas e descumprimento aos padrões de direitos humanos internacionais. Restringindo o encarceramento à população feminina, a qual cerca de 35.072 presas, o perfil da mulher, em situação prisional no Brasil, é caracterizado como sendo jovem, de baixa renda, em geral mãe, presa provisória e suspeita de crime relacionado ao tráfico de drogas ou contra o patrimônio. De todas as variáveis citadas acima, a maternidade é aquela que será analisada já que esta acaba desencadeando outras problemáticas, entre eles a relação mães e filho, especialmente os vínculos que embora sejam estabelecidos pela lei de execução penal, nem sempre são garantidos. O objetivo do presente trabalho é analisar o filme Leonera. A longa metragem de origem Argentina, relata a história de Julia que é acusada de ter matado seu namorado, é presa ainda grávida e com muitas dificuldades e ajuda de companheiras de cela consegue criar seu filho dentro do presídio. Julia vê em seu filho, a força que precisa para enfrentar as dificuldades e até a perspectiva de vida futura.  Esta característica e dificuldades são semelhantes as enfrentadas na realidade das mulheres encarceradas Brasileiras, com relação a gravidez, 1,24% entram no sistema prisional grávidas, 0,91% amamentavam e 1,04% possuíam filhos morando com elas, cabe mencionar que o tempo de convivência varia de quatro meses a sete anos a depender do Estado da Federação. Com relação ao crime pela qual a protagonista foi encarcerada, dados da literatura mostram que 65% das mulheres sofreram violência íntima por parte de seus companheiros, o que é um dos desencadeadores de crimes contra os companheiros. Uma outra semelhança entre as realidades estudadas é a falta de rede, o apoio social de perspectivas para o futuro, acaba colocando estas mulheres-mães e seus filhos em uma situação de alta vulnerabilidade social na realidade brasileira. Estudos apontam que estas mulheres podem contar apenas com a família e em alguns casos com as companheiras de cela. Estes dados apontam a necessidade de se trabalhar com esta população de forma a minimizar os fatores de risco aos quais essa população está exposta, tornando infelizmente a ficção na realidade de milhões de mulheres e crianças.
Publicado
2017-01-27