FINANÇAS PESSOAIS: AS CONSEQUÊNCIAS DA COMPREENSÃO
José da Silveira Filho
Resumo
De alguns anos para cá, as finanças pessoais se tornaram tema bastante requisitado dentro da economia. Muitas pessoas acabam por perder o controle sobre o que ganham. O orçamento não cabe mais dentro dos desejos e das necessidades, estimulados sob diversas formas convincentes.Quanto mais, por outro motivo mais do que justificável, as indústrias despejam uma quantidade crescente de mercadorias e isso precisa fluir ao mercado para ser adquirido. Cada descoberta da tecnologia acaba por aumentar a capacidade produtiva fabril em menos horas de trabalho. A produção é cada vez maior num tempo menor e com menos mão de obra. Os trabalhadores precisam ser pagos, o lucro devolvido aos proprietários e as máquinas precisam recuperar o valor nelas investido. Ademais há também a concorrência entre as indústrias que correm para disputar o mercado, lutando por fatias maiores para si. A propaganda acaba sendo a consequência imediata do próprio movimento industrial. E os consumidores estão aí para cumprir com este objetivo. Mas, especialmente para as famílias de classe trabalhadora, a atitude consumista pode ser comprometedora ao querer o mais das vezes imitar quem está no topo da pirâmide social. Comprar o que não se pode pagar, o que não se precisa, o que poderia ser adiado e, assim por diante, acaba tendo efeitos desastrosos. Como agir então dentro de um mundo repleto de tentações? Consumir é sinônimo de sucesso, progresso e de enriquecimento. Se você é solteiro, melhor. Há de prestar contas à sua própria consciência e se adaptar às dificuldades não prejudicará ninguém, além de você mesmo. A dificuldade é maior para os casados. Em primeiro lugar, as finanças pertencem ao casal. Os dois trabalham, um precisa ajudar o outro, partilhar sacrifícios e o mesmo destino. E no mundo contemporâneo, a compreensão parece estar bastante frágil. O ser humano parece estar muito dentro de si mesmo em conversa com seu umbigo. As uniões estão passageiras, sendo comum se encontrar casais que já tiveram dois, três, quatro casamentos, mais até... numa experimentação constante de tentativa e erro. E normalmente o que se constrói é quando se está acompanhado de alguém importante para nós. Então, o ponto de partida das finanças pessoais é em verdade uma questão psicológica, de harmonia entre duas pessoas. O orçamente deve ser pensado e realizado em conjunto. Não se pode ocultar quanto se ganha um do outro, nem o que se pretende fazer com o dinheiro. Este é o debate inicial. E o casal deve escrever em conjunto as prioridades de orçamento e os planos futuros. Sentarem-se à mesa juntos com lápis e papel na mão a fim de traçarem suas vidas e metas. E isto é apenas fácil de escrever, todavia de execução bastante melindrosa. Cada um tem seus desejos e é preciso ceder de parte a parte, com argumentos de convencimento e não de imposição. Somente estes aspectos já constituem desafio dos grandes. O primeiro passo é listar as despesas gerais, começando pelas da casa, porém, em comum acordo e colocar a mesma receita projetada para todos os meses do ano. É para se convencer que se está dentro de um limite, como uma fronteira que não se pode passar. Esta é a parte mais fácil. O segundo passo vem as despesas casuais. Comprar as coisas que vão compor um adendo ao que já se possui. Nos dias de hoje, o ideal é comprar de preferência algo que valorize o trabalho do casal e o patrimônio que se conquistou. Para exemplicar, aqui em casa, chegou-se à conclusão que o que mais valorizaria nossa casa e nos proporcionaria conforto, seria um portão eletrônico. A execução será em três partes: a construção da infraestrutura em alvenaria; a estrutura em ferro de suporte do portão, reaproveitando o anterior em madeira; e, por fim, o motor elétrico. E o detalhe do orçamento que se elabora juntos é o fato de ser programado. As coisas que se quer comprar são discutidas e colocadas para o próximo mês. Portanto, trata-se sempre de uma despesa futura e jamais presente. Agir fora disso é perder o controle. Temos apenas um filho e já estamos juntando a importância para ele cursar uma boa educação de 5a. à 8a. Série. Nesse ínterim, ele está na escola pública municipal que, para os fins básicos, é muito boa. O que não se gasta com a escola pública, coloca-se em poupança para o próximo degrau da sua educação. Todos esses aspectos são discutidos e executados em conjunto e, se não há entendimento mútuo no casal, se ele não se assemelha na forma de ver a vida, podem saber, projetar finanças pessoais será apenas mero exercício de imaginação. E as incompreensões que se acumulam por não se resolverem, terminam na marchinha de carnaval dos anos 50 de Cristovão de Alencar e Newton Teixeira. MAL ME QUER Eu perguntei a um mal-me-quer / Se meu bem ainda me quer Ela então me respondeu que não / Chorei, mas depois Eu me lembrei / Que a flor também é uma mulher Que nunca teve coração... A flor mulher iludiu meu coração / Mas, meu amor É uma flor ainda em botão / O seu olhar Diz que ela me quer bem / O seu amor / É só meu De mais ninguém