Doença? Prazer ou Necessidade? Existem pessoas que não conseguem resistir a uma vitrine, uma novidade tecnológica, roupas, sapatos, mas o que é isso? Afinal, muitos de nós já adquirimos produtos ou serviços por impulso e nos arrependemos posteriormente. Ter é uma função normal de nossa vida, afinal devemos adquirir determinados bens para podermos desfrutá-los e com isso melhorarmos nossa qualidade de vida, porém culturalmente somos estimulados a querer mais e mais, um salário maior, uma casa, uma roupa de marca, um celular, nossa concentração e empenho se voltam para o consumo e isso de forma exagerada poderá atrapalhar nossa felicidade, relaxar e viver em paz, pois a ânsia de comprar, obter, torna-se o único alvo de vida. As pessoas muitas vezes compram produtos não pelo que eles fazem, mas sim pelo que eles significam que representam papéis que vão muito além da utilidade. Machado pontua alguns itens da relação consumidor X produto: Ligação de autoconceito: o produto ajuda a estabelecer a identidade com o usuário, como um estilo de roupa. Ligação nostálgica: o produto atua como um elo com o eu do passado. Interdependência: o produto faz parte da rotina diária do usuário. Amor: o produto promove elos emocionais de afeto, como por exemplo, o anel de família. Sabendo desta relação consumidor X produto a publicidade cria e amplia o desejo pelo consumo com propagandas envolventes, que vem de encontro com nossos sonhos, desejos e necessidades. Os maiores prejudicados são as crianças e adolescentes que estão em processo de formação de identidade, pois passam a querer tudo o que é apresentado, com pouco ou nenhum “filtro”, demonstram hipersensibilidade ao prazer e resistentes a frustração. Lorenz denomina este comportamento como “neofilia” uma patologia social de nosso tempo, cuja origem é econômica, ou seja, o individuo em qualquer idade, sente um desejo irresistível de comprar tudo que aparece como novidade, sem se importar com o preço ou mesmo a utilidade, cujo os motivos estão ligados principalmente a necessidade de se manter uma aparência superior nesta sociedade onde o “Ter” é mais importante que o “Ser” , em que as pessoas são classificadas pela marca de sua roupa, cargos que ocupa, um valor maior que o humano, correndo o risco de ser coisificado, vivendo em profunda alienação, ausente de sua realidade social apresenta uma discrepância entre o eu real e o eu ideal, o indivíduo não sabe o que se realmente é e o que se deseja. Percebemos esta realidade em alguns paradoxos como, por exemplo, um individuo que mora em condições precárias, mas encontramos em sua casa eletrodomésticos, roupas e sapatos caros, nos questionamos com o valor que se da para aparência, o que Erthal aponta como complexo de Inferioridade. Como resultado onde a aparência conta mais, temos o aumento considerável de pessoas com dificuldade em manter relacionamentos saudáveis. Quanto mais distante de encontrar um sentido para vida maior é o sofrimento, pois busca no consumo alienado e compulsivo, uma razão para viver, sendo que encontra a solidão, frustração e futilidade. É necessário entender o lado obscuro do consumo compulsivo. Machado define alguns critérios, que podem nos auxiliar a identificar um possível exagero em nosso consumo: Consumo vicioso: É a dependência física e/ou psicológica de produtos e serviços, onde estes cumprem o papel de trazer “alívio” para os problemas do consumidor ou satisfazer alguma necessidade. Consumo compulsivo: Compras repetidas e excessivas como um antídoto para a ansiedade, depressão ou tédio. Comportamento persistente centrado no processo de comprar e não nos produtos propriamente dito. Ajuda: Pesquisas apontam que ambos os sexos apresentam compulsões, mas que o sexo feminino é o que procura tratamento na maior parte das vezes. Quando se trata de compulsão ou vicio, devemos lembrar que a pessoa precisa ser encorajada a buscar ajuda. Quem procurar? Um Psicólogo, pois ele deverá auxiliar no processo de autoconhecimento, ampliando o sentido que o indivíduo atribui para sua vida e aquilo que ele consome. Um Médico Psiquiatra, que deverá prescrever remédios que diminuam a ansiedade. E o economista? Auxiliando o indivíduo no planejamento, na organização de suas finanças. Portanto, em áreas distintas, mas que se correlacionam, podemos auxiliar pessoas que estão vivendo este problema, estimulando o pensamento critico, assumindo sua existência, onde o Ser é mais importante que o Ter.